O evento será realizado entre os dias 23 e 28 de julho de 2024 no Recinto de Exposições Acácio de Morais Terra
A principal razão de ter sido criada a Festa Tropeira de Itapetininga pelo Criatório Campeãs da Gameleira e Dikabel Eventos e Produções, os quais contam com o apoio da Prefeitura local, se deve ao fato do município ter contribuído de forma significativa durante o ciclo do tropeirismo no Brasil, atividade mantida naquela cidade até por volta da década de 1940 como sede da Feira de Muares.
Isso ocorreu após o final da tradicional Feira de Muares de Sorocaba devido ao surto de Febre Amarela ocorrido em 1897, segundo o jornalista, escritor e historiador sorocabano, Sérgio Coelho de Oliveira, autor de diversas publicações e livros sobre essa temática. Coelho mantém hoje em sua cidade o Museu Casa do Tropeiro com peças, ferramentas e documentos daquela época, além de filmes e literatura sobre o tropeirismo.
Com o objetivo de povoar e desenvolver a região Sul do Brasil e assim evitar a invasão dos espanhóis, a Coroa Portuguesa determinou que os muares só poderiam ser criados abaixo do Rio Iguaçu, hoje, Estado do Paraná.
Riquezas do Sul
A partir dessas terras roxas e férteis, a região Sul do País possuía extensas pastagens e teve grande importância na produção de charque, couro e sebo. Naquela época, já existia a estrada que ligava Curitiba a Sorocaba e Itu, regiões aonde invernavam-se as boiadas e tropas de equinos que eram criados nos Campos Gerais, hoje região de Guarapuava, Estado do Paraná.
Os muares criados no Rio Grande do Sul eram contabilizados ao passar pelo Rio Pelotas e adentrar na Coxilha Rica, já em terras Catarinenses. Após a cobrança de impostos, seguiam para Sorocaba onde eram comercializados para diversas regiões do País. Essa atividade se manteve próspera por cerca de 200 anos na apelidada Manchester Paulista. Posteriormente, Itapetininga tornou-se importante centro de comércio de mulas e burros que vinham da região Sul, atividade desenvolvida durante cerca de quatro décadas.
Antes de tornar-se um centro de comércio de mulas e burros, Itapetininga já fazia parte da história do tropeirismo como centro de abastecimento das tropas de muares, cavalos e bovinos que eram trazidos do Sul do País desde 1720.
Tradição preservada
Aliado a isso, anos mais tarde, o município passou a contar com o Recinto de Exposições Acácio de Moraes Terra que, até hoje, possui ótima infraestrutura, permitindo assim a realização da 2ª Festa Tropeira de Itapetininga, evento, que além de promover o encontro de muladeiros, contará também com provas de morfologia, marcha (com valiosa premiação), palestras de cunho histórico/cultural, queima do alho e costela ao fogo de chão.
Também será realizado o 2º Grande Leilão Ouro da Gameleira e Amigos. A 2ª Festa Tropeira de Itapetininga, além de valorizar e manter viva a cultura oriunda do período do tropeirismo, oferecerá aos visitantes comidas típicas, danças, cavalgadas e comércio regional.
Participarão de uma mesa redonda sobre a história do tropeirismo e atuação do museus ligados a essa temática no dia 25 de julho de 2024, Amélia Podolan (Museu de Castro, Paraná), Eleni Cássia Vieira (Museu de Ipoema, Minas Gerais) e Sérgio Coelho de Oliveira (Casa do Tropeiro, Sorocaba). Walter Funes (RS) será o coordenador. Também será organizado um movimento para a criação do Dia Nacional do Tropeiro.
Segundo os organizadores, um percentual da renda do evento será destinado à filantropia em Itapetininga e também para o Estado do Rio Grande do Sul, vitimado por recente catástrofe climática.
Texto: Tucano
Fotos: Arquivo Festa Tropeira de Itapetininga e Coleção Sérgio Coelho Oliveira