Devido à Pandemia, a tradicional Festa em louvor a São Benedito foi interrompida. Este ano foi retomada com o hasteamento do mastro no átrio da igreja no dia 7 de janeiro, tríduo (de 11 a 13), missas, procissão, quermesse, almoço no salão da igreja e samba de qualidade feito por sambistas da velha guarda de Itu.
Em 2023, segundo o pároco da Igreja Matriz Nossa da Candelária, padre Francisco Carlos Caseiro Rossi, a festa também não foi realizada por falta de colaboradores para a sua organização. Houve somente celebração religiosa no dia 5 de outubro, data comemorada segundo calendário litúrgico da Igreja Católica, diferentemente do que sempre aconteceu desde quando a Irmandade de São Benedito foi fundada em Itu em 1693, na igreja de São Luís de Tolosa, no Largo de São Francisco, hoje Praça D. Pedro I. Tradicionalmente, a Festa de São Benedito sempre foi celebrada pelos ituanos, historicamente, em 6 de janeiro, Dia de Reis, segundo lembram antigos devotos.
Este ano, a Associação Cia de Folia de Reis, do Bairro Cidade Nova, abrilhantou a abertura da festa num belo cortejo alegórico que saiu da Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária em direção à igreja de São Benedito para hasteamento do mastro e com celebração de missa em seguida.
Além de devotos locais e da região, a Festa de São Benedito atrai caravanas de vários bairros da capital paulista como Jardim Tremembé, Vila Mazzei, Vila Invernada, Tucuruvi, Cachoeirinha, Chácara Belenzinho, Jaçanã, Lauzane Paulista, Anália Franco, Vila Nova Carolina, entre outros.
O coordenador do evento festivo religioso, Luiz Fernando Pires, disse que para o próximo ano o trabalho de organização da festa deverá começar mais cedo com o objetivo de atrair mais devotos para manter viva essa tradição religiosa.
História de fé
“Reza” a história de que São Benedito nasceu entre 1524 e 1526 na região da Sicília, no Sul da Itália, mas a Igreja Católica considera a primeira data como oficial. Portanto, este ano será comemorado 500 anos de seu nascimento. Filho de escravos etíopes e analfabeto, recebeu o apelido de Mouro devido ao tom de sua pele. Era muçulmano, se converteu ao catolicismo, e se tornou frade franciscano.
Como era exímio cozinheiro no convento, tornou-se padroeiro dos profissionais que atuam na área gastronômica, mas também é o protetor das donas de casa, dos pobres e do catolicismo popular.
Abençoado samba de terreiro
No final do século 19, com a abolição da escravatura em 1888, o samba de terreiro ganhou espaço durante os festejos dedicados a São Benedito, ocasião em que havia batucada após a procissão no pátio da igreja de São Luís de Tolosa, anexa ao Convento Franciscano, onde está localizada atualmente a parte superior da Praça D. Pedro I, próximo ao Espaço Fábrica São Luiz.
Durante as longas horas de roda do samba de terreiro, iluminado pela luz da fogueira, onde também era preparado o quentão, havia a dança do Tambu – com a típica “umbigada” – coreografia feita pelos casais de dançarinos no ritmo da batucada.
Essa tradição sobreviveu até a década de 1940, prática que foi proibida pelo clero e pela polícia naquela época.
Verdadeiro pecado cometido com nossa história e cultura.
Texto e Fotos: Tucano