A Orquestra Ribeiro Bastos em Itu

As duas apresentações realizadas pela corporação musical foram emocionantes e contaram com excelente público

A Orquestra Ribeiro Bastos (ORB), de São João del-Rei/MG, uma das mais antigas instituições musicais das Américas, realizou dois concertos memoráveis em Itu/SP: o primeiro na Igreja do Bom Jesus, no dia 18 de outubro de 2025, e o segundo na Igreja Nossa Senhora do Patrocínio, no dia 19. Sob a regência do maestro Rodrigo Sampaio Pereira, 43 anos, o repertório da primeira apresentação incluiu obras do ituano Elias Álvares Lobo (1834-1901), Jean-Baptiste Faure, Presciliano Silva e Geraldo Barbosa de Souza. No segundo concerto, também sob a batuta de Sampaio, foram interpretadas composições de Dom Pedro I, Francisco Manuel da Silva, José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, Padre José Maria Xavier, Manoel Dias de Oliveira, Antônio Carlos Gomes e novamente Presciliano Silva.

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Essa foi a segunda vez que a prestigiosa corporação musical se apresentou em Itu. A primeira ocorreu no dia 2 de maio de 1982, sob a regência do renomado musicólogo e maestro José Maria Neves (1943–2002), em eventos coordenados por Jair de Oliveira, com apoio do então prefeito Olavo Volpato, do diretor de Cultura Eduardo Arruda Passos e da Secretaria de Estado da Cultura. Quarenta e três anos depois, quatro de seus integrantes que faziam parte da orquestra, naquela época, voltaram a Itu: Tânia Aparecida Magalhães (contralto), José Raimundo de Oliveira Ávila (tenor), José Geralda da Silva – Tuca – (baixo) e José do Carmo dos Santos (Teté) (baixo). Eles recordam com entusiasmo os concertos realizados no pátio interno do Colégio, à sombra da lendária mangueira, e na “esplêndida Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária”.

Desta vez, a coordenação ficou a cargo de Luís Roberto de Francisco, do Museu da Música – Itu, que contou com o apoio do Instituto Cultural Itu, das Irmãs de São José de Chambéry e da própria ORB. O retorno da ORB a Itu marcou quatro comemorações: 190 anos de nascimento do Maestro Elias Álvares Lobo, centenário de morte da venerável Madre Maria Teodora, 60 anos do Coral Vozes de Itu e os 43 anos de “intercâmbio cultural” e celebração de amizade entre Itu e São João del-Rei.

História e missão da ORB

A ORB é uma corporação musical sem fins lucrativos, em atividade contínua em São João del-Rei desde o século 18. Seu nome homenageia o músico Martiniano Ribeiro Bastos, que a regeu por mais de meio século, entre 1860 e 1912. Acredita-se que tenha se originado de agremiações musicais surgidas na cidade mineira por volta de 1790, embora não existam documentos que confirmem essa data com precisão. Desde sua fundação, a ORB mantém atividade ininterrupta, com a principal finalidade de atender às cerimônias religiosas das irmandades com as quais possui contratos. Nos séculos 18 e 19, além das funções litúrgicas, as corporações musicais de São João del-Rei também eram responsáveis pela realização das festas promovidas pelo Senado da Câmara.

Segundo José Maria Neves, que foi regente da ORB por três décadas — de 1976 até seu falecimento em 27 de novembro de 2002 —, a razão de ser da orquestra sempre foi a prestação de serviços religiosos às ordens e irmandades são-joanenses, entre elas: a Irmandade do Santíssimo Sacramento; Irmandade de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos; Ordem Terceira de São Francisco de Assis e Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte Carmelo.

Presença em celebrações e sede histórica

Além das cerimônias religiosas contratadas, a ORB também se apresenta em casamentos, missas de corpo presente ou de sétimo dia, e em outras ocasiões especiais, geralmente em homenagem a membros da corporação, seus familiares ou amigos da própria corporação musical.

Atualmente, a sede da ORB está localizada na Rua Santo Antônio, nº 54 — uma das vias mais antigas de São João del-Rei. Segundo Gaio Sobrinho, citado em estudo de José Maria Neves, essa rua provavelmente fazia parte “daquele caminho antiquíssimo que sempre seguiram as bandeiras dos sertanistas, que vinham do povoado para o sertão dos Cataguases”.

Texto: Jonas Soares de Souza
Fotos: Tucano

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